Estrada de Ferro Oeste de Minas
A locomotiva que trouxe a evolução nos seus vagões
Trem turístico, conhecida como “Maria Fumaça” Foto: internet.
A partir da década de 1870, discutia-se em São João del-Rei, a possibilidade da chegada à cidade de uma via férrea que possibilitasse a ligação entre o município mineiro e a corte.
No relatório imperial sobre as linhas férreas do Sul de Minas Gerais, feito em 1875, era discutida a melhor opção sobre a ligação da corte com o Rio Grande. Uma alternativa apresentada pelo engenheiro da província mineira, ainda em 1863, acrescentava São João del-Rei na rota de uma possível via férrea ligando a corte, o Rio Grande e o Rio São Francisco. Segue um trecho:
“É do ramal de oeste de onde devem partir as comunicações com os vales do (sic) Rio Grande e Sapucaí. A primeira destas linhas há de bifurcar-se na estrada de ferro em um ponto entre a Barra do Piraí e o arraial dos Remédios, e cortando o vale do Rio Preto, deve atravessar a serra da Mantiqueira, para depois seguir as águas do Rio Grande até o ponto onde este oferece navegabilidade: pode ser ligada esta linha às águas do Rio São Francisco por dois ramais – um passando por São João d'El-Rey, até chegar à bacia do Rio Pará (afluente do São Francisco) e outro que atravessando o chapadão do Piumhy a leste da Serra da Canastra, alcançará as cabeceiras do Rio de São Francisco mesmo”. (Fonte: site Trilhos do Oeste)
Em 1877, com a chegada da linha da Estrada de Ferro Dom Pedro II à localidade denominada Sítio, à cem quilômetros de São João del-Rei, abriu-se a possibilidade de praticar a concessão. No entanto, em 1877 é estabelecido que apenas deveria ser executada a primeira seção da estrada até São João del-Rei pela lei de novembro do mesmo ano.
Terminada a construção do trecho de 49 quilômetros, que ligava Sítio a Barroso, o mesmo passou a receber tráfego a partir de 30 de novembro de 1880. Na ocasião já contava a estrada com duas locomotivas do tipo American “Montezuma”.
Sítio (posteriormente Antônio Carlos), ponto inicial da E. F. Oeste de Minas, a partir do tronco da E. F. D. Pedro II. Foto: Marc Ferrez.
A empresa ferroviária mineira Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM) - (São João del-Rei, 02 de fevereiro de 1878 - Belo Horizonte, 23 de janeiro de 1931) foi inaugurada no dia 28 de agosto de 1881, contando com as estações de Sítio, Barroso, Tiradentes e São João del-Rei e contava com: “quatro locomotivas, quatro carros de primeira classe, quatro de segunda, um de luxo, dois de bagagens, dois de animais, quinze vagões fechados, dez abertos e um carro guindaste”.
A Expansão
Em 1885, a companhia adquiriu concessão para o prolongamento, fazendo sentido ao nome que recebeu, pois seguiria rumo ao oeste de Minas Gerais, dando seqüência ao seu traço que seguia o vale do Rio das Mortes. A partir de 1886 começaram, então, as obras da construção da linha tronco que ligaria São João del - Rei ao município de Oliveira.
De setembro de 1888, a Oeste de Minas firmou contrato com o governo de Minas Gerais para o prolongamento da linha tronco até o alto São Francisco e a construção de mais dois ramais, um em direção a Itapecerica e outro alcançando Pitangui.
A Falência
A Estrada de Ferro Oeste de Minas passou por dificuldades financeiras e acumulou dívidas, sendo forçada a decretar a liquidação da companhia em abril de 1900. Em junho de 1903, a mesma foi adquirida pelo governo federal, sendo retirada da guarda do banco Alemão Brasilianische Bank für Deutschland e do próprio governo federal.
De 1903 a 1931, a Estrada de Ferro Oeste de Minas ficou esquecida pelo governo federal. Em janeiro deste último ano, foi alugada ao governo de Minas Gerais junto com a Rede Sul Mineira (RSM) para formar a Rede Mineira de Viação (RMV). A Ferrovia Centro Atlântica operou o trecho Aureliano Mourão-Divinópolis em 1960. O resto da linha foi abandonada e retirada em 1983.
A Ferrovia Turística
A linha de São João del-Rei para Tiradentes, no entanto, foi executada de forma contínua desde 1881, embora seja agora uma linha turística e patrimônio histórico, em que transporta passageiros e é um dos poucos lugares no Brasil que opera continuamente locomotivas a vapor. Em 1983, a Linha da Barra do Paraopeba, como era chamada, foi abandonada e a EFOM foi formada.
A via férrea foi inaugurada com a presença do Imperador Dom Pedro II, em 28 de agosto de 1881. Era a ponta da linha que então ligava Sítio (hoje Antônio Carlos), na Estrada de Ferro Dom Pedro II (posteriormente Central do Brasil), a São João del-Rei.
O nome EFOM foi retomado no fim da década de 1970 para fins turísticos. Atualmente, o mais famoso dos trechos dessa ferrovia é o remanescente, ligação entre São João del-Rei e Tiradentes. No início dos anos 80, o restante da linha foi erradicado, sendo este trecho preservado como resultado da pressão da sociedade civil que tinha entre as entidades e à Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). Desde então os 12 quilômetros de via férrea que separam as duas cidades históricas mineiras funcionam em caráter turístico.
Trem turístico, saindo da estação de São João del-Rei Foto: internet.
O Museu
Junto à estação encontra-se o Museu Ferroviário, inaugurado em 1981, ano do centenário da Estrada de Ferro Oeste de Minas. O museu reúne equipamentos, peças, painéis didáticos e fotografias que contam a história da ferrovia no Brasil e na região. Além disso, estão expostas a EFOM nº 1, a "São João del Rey", primeira locomotiva da ferrovia e um vagão de luxo utilizado para uso da administração, construído nas oficinas da EFOM em 1912. No anexo da rotunda estão expostas sete locomotivas a vapor Baldwin de bitola de 762 mm, oriundas da Rede Mineira de Viação; uma locomotiva elétrica de bitola de 1,00 m; além de carros e vagões de carga. Em São João del-Rei, anexo à estação, também existe uma grande rotunda e oficinas de manutenção. Pela riqueza de materiais, o Complexo Ferroviário da Estrada de Ferro Oeste de Minas é um dos maiores do Brasil.
O Passeio
São 12 km de travessia por uma belíssima diversidade ecológica e paisagens que ainda preservam a arquitetura do século XIX. Tudo isso a bordo da Maria-Fumaça mais antiga em operação no Brasil. Os preços do bilhete são: inteira ida e volta: R$ 70,00 e Meia ida e volta: R$ 40,00 . A meia-entrada (50%) válida para crianças de 6 à 12 anos, mediante apresentação de certidão de nascimento; estudantes, mediante apresentação da documentação de escolaridade e identidade com foto pessoas acima de 60 anos, apresentando documento de identidade com foto. A entrada gratuita vale para crianças de 0 a 5 anos, mediante apresentação de certidão de nascimento. Os ingressos de meia-entrada são válidos apenas para a compra na bilheteria das estações de São João del - Rei e Tiradentes.
A Estação São João del-Rei fica na Avenida Hermílio Alves, 366, no Centro da cidade. O contato é +55 (32) 3371-8485, e a bilheteria funciona de 8h30 às 17h, de quarta a sábado e de 8h30 às 12h, aos domingos. A Estação Tiradentes fica na Praça da Estação e a bilheteria funciona no mesmo horário de São João del- Rei. O Museu Ferroviário de São João del-Rei está localizado junta à estação de São João del-Rei , na Avenida Hermílio Alves, no bairro Centro e o funcionamento é de 8h30 às 17h, de quarta a domingo. Os ingressos podem ser adquiridos no site : http://www.vli-logistica.com.br/sustentabilidade/trem-turistico/
Publicado em: 17/09/2019
Texto: João Pedro Sacramento
Foto: internet (divulgação)