As senhoras Do Carmo
Meu nome é Maria do Carmo. Fui batizada com esse nome pela minha mãe- que Deus a tenha, pois nasci no mesmo dia que foi consagrado o dia de Nossa Senhora do Carmo, dia 16 de julho. Tenho 63 anos agora, nascida e criada aqui em São João del-Rei mesmo. Decidi ficar aqui no meu local de nascença pois me sinto mais conectada com a minha santa protetora, a qual carrego o mesmo nome.
Moro aqui no Centro Histórico desde que nasci, bem de frente pra igreja com o nome da minha protetora, não há lugar melhor para viver, me sinto muito abençoada aqui. Todos os domingos sagrados são consagrados a minha santinha, que sempre esteve do meu lado. Todo o domingo vou assistir a missa lá em sua morada e saio de lá renovada.
Minha relação com Nossa Senhora do Carmo é bem íntima e pessoal, ela é minha protetora desde pequena, minha mãe me ensinou a orar pra ela desde quando aprendi a falar. Disse que se não fosse pela Do Carmo, eu não estaria aqui hoje. Minha mãe diz que teve complicações sérias durante o meu parto e que a Nossa Senhora protetora dos filhos me salvou, por isso o meu nome. Me emociono só de contar. História linda, essa.
Minha santa também sempre protegeu meus três filhos, sempre esteve do lado deles. Hoje os três seguiram outros caminhos, porém sempre intercedo por eles através dela. Oro para que ela os proteja assim
como me protegeu desde pequena. Sei que, mesmo eles lá, bem longe, neste mundo, como estão agora, ela os está olhando por mim, onde meus olhos não podem ver, mesmo assim, meu coração pode sentir.
Hoje é dia meu e dela, dou graças por essa cidade reconhecer tanto minha santa que fazem até procissão em seu nome. Não perco uma desde pequena, é assim que comemoro meu aniversário, não há melhor forma de comemoração. Saio as ruas da cidade a noite com meu escapulário com sua imagem, um presente que recebi de meus filhos e que não sai do meu pescoço mais desde então. Sigo a procissão inteira em oração e agradecimentos a ela, me sinto tão leve ao fazer isso, é uma benção sem explicações. Após o término da procissão, sempre tem a missa em seu nome e eu, claro, vou sempre, já virou rotina quando é chegado esse dia. Sei que ela fica feliz por eu sempre estar em contato com ela e sei que ela está guardando minha mãezinha com ela para, quando for minha hora, reencontrá-la novamente.
Após a missa, sigo para casa, novamente renovada, não canso de renovar minha fé católica durante este dia, é um amor imenso que sinto ao fazê-lo e acredito que me faz melhor, vivo mais feliz. Além de que, como sempre repito, este dia é muito importante para mim. Dia da minha protetora. E meu dia, claro, meus parabéns.